quinta-feira, 3 de maio de 2018

Quando a sofisticação é só frescura

Muitos caras andam torrando grana adoidado em certas modinhas que acreditam ser coisas de gente sofisticada, mas que, na real, não passam de frescura e baranguice pretensiosa.

Tive esta reflexão que transcende o conceito vulgar de jogar dinheiro fora depois que vi uma barbearia, ou melhor, uma "barber shop", num lugar onde funcionava um restaurante bem caro daqui, o que sugere preços salgados, reflexos do aluguel elevado. Mas o problema realmente começa, e este estabelecimento é apenas um exemplo, quando você começa a raciocinar sobre o que justificaria gastar a mais num lugar deste. A decoração é que não é, visto que é repleto de parafernálias personalizadas que não servem para nada além de imitar barbearias de filmes americanos de várias décadas atrás. Ou seja, se mantém várias quinquilharias dispendiosas (custam caro e gastam energia e tal) que só teriam valor estético pra jacu que acha que isso é coisa de “homem clássico”... Sendo que nem de homem é.
Ora, pra ajeitar a palha ou a barba você não precisa se sentir o diferentão da velha guarda. Em uma barbearia tipicamente brasileira, se espera piadas politicamente incorretas, Playboys velhas e uma TV ligada em algum canal quase sempre desinteressante, e não uns cabeleireiros frangos ostentando aquelas barbas todas certinhas de carnavalesco dos anos 80, uma paradinha colorida rodando na porta, serviços altamente pederásticos como “Pigmentação da Barba” e “Alisamento de Cabelo” etc. E não adianta beber uísque ou cerveja enquanto te passam glitter na cara, não vai ser isso que vai amenizar essa tua g0yzice.

Muitas vezes, também, se paga mais caro por algo obsoleto. Por exemplo, usava-se toalha quente para barbear na época em que ainda tinha que amolar navalha (quando não existia lâmina descartável), pois o calor abre os poros do cliente, “amaciando” a barba e facilitando o processo, evitando irritações e tal. Hoje, existem produtos que servem pra isto e ainda rendem várias aplicações, eliminando a necessidade de ferver uma toalha para cada atendimento etc.
Tem outros casos também, como daqueles caras que enchem a boca pra falar: “eu só bebo Jack (Daniels)”, como se tivessem transcendido o uísque escocês, bebida de “normie” na cabeça deles. Mas estes entendidos são ignorantes: não obstante o famoso tennessee whiskey seja bastante decente, não passa de um uísque barato nos EUA. É vendido absurdamente caro aqui por causa do roubo estatal. Ou seja, na realidade, estes sujeitos não são nenhuns connoisseurs, só estão sendo passados pra trás pelo governo, e, depois, você acaba é vendo estes mesmos capiais tomando é catuaba em porta de balada... 

Enfim, entenda que não quero impedir trocas voluntárias e também não sou contra gastar dinheiro a mais com algo de melhor qualidade. Entretanto, eu tenho que aconselhar os confrades a evitar pieguices que só servem para queimar o filme. Insistir nisto vai contra não apenas o desenvolvimento pessoal, mas também ao bom senso. Devemos usar o dinheiro com sabedoria e poupar sempre que possível, até mesmo pra não engordar mais o estado com impostos etc.

Ou seja, antes de decidir gastar a mais, veja se você não está apenas deslumbrado por uma aparente sofisticação que não passa de alguma maricagem que não acrescenta nada. Saiba que consumir frescuras pretensiosas não vai te tornar cult, rústico, raiz, old school, bon vivant, clássico, chique, boêmio ou nenhum outro adjetivo ridículo que propagandeiam por aí. Além de ser uma beadagem do caralho, você vai é fazer papel de trouxa sustentando malandro.

Quando a sofisticação só é frescura
Olha se eu vou por meus pés num lugar destes...

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